Educação Financeira: Nosso Guia de Bolso

Blog Unit - Educação Financeira

A educação financeira é uma habilidade que nos permite afastar preocupações e faz com que seus projetos deixem de ser um sonho para se tornar realidade.

Quem procura desenvolver essa habilidade e se familiarizar com os principais conceitos da área demonstra preocupação com o seu presente e futuro. No Brasil, a maioria da população está com contas atrasadas e sem nenhuma reserva financeira para emergências, resultados concretos do que acontece na falta de educação financeira.

Na prática, quase ninguém tem acesso a um conhecimento organizado sobre o tema enquanto cresce – no máximo, ouvimos que é preciso guardar um pouco de dinheiro ou ganhar mais para ter segurança. São bons conselhos, mas como fazer isso, equilibrando uma renda que pode não trazer o valor desejado e despesas que não param de chegar?

Responder essa questão é o objetivo da educação financeira, para que você cresça tanto na área pessoal quanto profissional, desenvolvendo novas competências e investindo de forma sábia para ter equilíbrio e tranquilidade quando pensar no futuro.

As possibilidades que a educação financeira promove são múltiplas, e ao conhecer melhor o mundo das finanças nós podemos;

  • Desenvolver o consumo consciente
  • Aprender a comprar de acordo com a nossa renda
  • Evitar a inadimplência
  • Criar e conquistar grandes objetivos que exigem recursos financeiros.

Além dos benefícios pessoais, isso também faz com que a roda da economia gire numa direção saudável, fortalecendo produtos, serviços e investimentos ao invés de concentrar o dinheiro entre o pagamento de juros e dívidas.

O que é educação financeira?

Mulher anotando informações importantes sobre educação financeira no seu guia de bolso.

O conceito de educação financeira se refere à maneira como você lida com as suas finanças, e é um conjunto de ações que envolve controlar a sua renda e os seus gastos, além de planejar as despesas, construir uma reserva financeira e investir.

A educação financeira é um processo de aprendizado contínuo, que dá ao indivíduo a capacidade de utilizar o dinheiro de maneira cada vez responsável e eficiente.

De acordo com estudos da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a educação financeira é explicada através do modo pelo qual a população e os gestores aperfeiçoam o seu entendimento sobre o funcionamento dos artigos financeiros. Com os conhecimentos adquiridos, eles podem construir técnicas para gerir o dinheiro, realizando escolhas conscientes, reduzindo os riscos e melhorando a sua qualidade de vida no futuro.

Não se assuste achando que para você aprender sobre educação financeira precisará virar um especialista em finanças e estar participando de cursos e decorar livros sobre o assunto. Essa é uma competência que cabe a todas as pessoas, profissionais e empreendedores, estudantes e pais de família. Vamos aprender na prática, em suas ações cotidianas, como manter as finanças em ordem.

Até mesmo as grandes entidades dessa área tem se voltado nessa direção, já que a preocupação com o dinheiro tem feito parte da realidade das pessoas em todo o mundo, e se acentuou devido aos problemas que assolaram as grandes potências econômicas.

No Brasil, um exemplo é a Estratégia Nacional de Educação Financeira, crida no ano de 2010 com a finalidade de estimular a sociedade, empresas privadas e a gestão pública para conscientizar as pessoas a decidirem corretamente o que fazer com seu dinheiro. A ENEF possui diversos programas, como a Semana Nacional da Educação Financeira, que explicam como pessoas normais podem cuidar das finanças, sem “economês” e com uma linguagem de fácil compreensão.

Quebrando o tabu da educação financeira

Homem segurando moedas, ilustrando a importância da educação financeira para controle das finanças pessoais.

Muitas pessoas tem vergonha e sentem-se constrangidas ao discutir esse tema, acreditando que estudar mais sobre educação financeira é assumir que não conseguem cuidar sozinhas das próprias economias. Outras acreditam que o assunto só interessa a quem tem dinheiro sobrando para investir no que deseja.

São tabus que nos afastam do conhecimento, causados por questões como:

  • Em primeiro lugar, a educação financeira não é difundida em nossa sociedade, e para chegar até ela quase sempre é preciso buscar ativamente pela informação
  • Em segundo, as pessoas tem vergonha de falar sobre dinheiro, especialmente sobre suas dívidas, e pedir ajuda com essa situação
  • Em terceiro lugar, os termos usados para explicar sobre educação financeira muitas vezes são distantes da realidade cotidiana, dificultando traçar uma relação entre “a economia” e “as minhas economias”.

Para se ter uma dimensão do problema, em uma pesquisa realizada pela Locomotiva Xpeed, 47% dos participantes afirmaram se sentir inseguros ao lidar com informações de serviços financeiros. O instituto ainda aponta que 39% adiam decisões financeiras, e uma em cada cinco pessoas tem medo até de abrir os boletos.

Parece bobagem, mas são desafios que contribuem para a dificuldade financeira, afinal muitas pessoas estão pagando juros apenas porque tem medo de olhar para as contas! Mudar esse pensamento é o primeiro passo, pois o tabu é a única barreira para aprendermos mais sobre educação financeira e ganharmos o controle do nosso dinheiro.

Qual a importância da educação financeira?

A educação financeira ensina pessoas e organizações a gerir seus recursos, promovendo decisões assertivas sem colocar em risco o seu dinheiro. Com a educação financeira as pessoas passam a saber como funciona o sistema financeiro, sejam as suas finanças pessoais, ou o cenário mais amplo da economia.

Conhecer sobre as finanças permite que os indivíduos controlem os seus gastos, tenham saúde financeira e estejam preparados para eventuais situações de emergência, além de acumular recursos que poderão investir em seus projetos futuros.

Uma maneira de explicitar a importância da educação financeira é pensar em um indivíduo comum que recebe seu salário. Ele tem duas opções: ou paga as contas básicas e gasta o resto do dinheiro com compras impulsivas, movido pelo desejo temporário, ou separa esse valor de acordo com suas prioridades e passa a fazer investimentos.

É importante deixar claro que investir em conhecimento sobre educação financeira não é complicado, mas precisa de dedicação e metas traçadas, ou seja, você precisa saber o que almeja no curto, médio e longo prazo. Pode parecer algo demorado e até cansativo no começo, porém se for pensado como uma mudança gradativa, permitirá modificar a sua realidade financeira.

De um modo geral, saber o valor de sua renda e as suas despesas é aprender a gerir o dinheiro que entra e sai de sua conta, isso faz com que você decida com consciência e sabedoria aonde vai colocar as suas finanças.

Como iniciar na educação financeira?

Para iniciar na educação financeira, o primeiro passo é investir – mesmo que o seu tempo – em conteúdo como esse, transformando o assunto em algo mais natural. Em seguida, construa uma planilha onde você irá anotar o que ganha e as suas despesas. Eu sei, você já recebeu esse conselho antes, mas não há como fugir dele.

Crie também um orçamento, pensando onde precisa controlar os gastos e com que objetivo – poupar, investir ou comprar algo que é um grande desejo. Todo mês, reserve um valor para projetos ou emergências.

Não custa nada lembrar: não gaste mais do que a sua renda mensal. Hoje você pode ter certeza absoluta de que vai pagar uma dívida com o salário do mês que vem, mas as coisas mudam o tempo inteiro, e não podemos dizer que elas são imprevistos quando estamos apenas fingindo que nada pode acontecer.

A educação financeira pode ser pensada de acordo com a sua realidade atual e os objetivos que deseja conquistar. Alguns exemplos são:

1- Finanças Pessoais

Ajuda você a lidar com seus recursos e organizar suas despesas pessoais, de acordo com a sua renda. Ou seja, você aprende a tomar decisões mediante o dinheiro que tem disponível, não consome mais do que ganha, controla o seu orçamento e passa a fazer um planejamento pessoal, pensando em realizar os seus sonhos.

2- Finanças Familiares

Lidar com as finanças da família não é muito diferente dos cuidados pessoais, mas aqui o trabalho deixa de ser feito por uma única pessoa e passa a ser realizado por todos os membros.

A família aprende junta sobre educação financeira e constrói uma cultura de organizar as suas finanças, pensando em como cada um pode economizar dinheiro e controlar o consumo para obter conquistas que satisfaçam a todos.

Quando a educação financeira é presente na família, os membros mais novos aprendem a lidar cedo com o dinheiro e tem menos chances de se tornarem pessoas endividadas. O controle dos recursos familiares também promove harmonia, evitando conflitos que começam pelo dinheiro e podem se espalhar para outras áreas das relações.

3- Finanças Juvenis

Ensinar educação financeira aos jovens não é uma tarefa fácil – eles querem consumir tudo o que está na  moda, socializar, e muitos não tem um planejamento definido, pensando apenas em curtir o momento.

Não é raro ver um jovem que consegue o primeiro emprego e logo está endividado, porque começa a comprar as coisas que deseja e usar o salário como uma garantia para tudo. Ele pode ter roupas novas graças ao cartão de crédito, fazer festas que só vai pagar no mês seguinte, ou parcelar um veículo usando o salário.

O problema é que vários compromissos são feitos com apenas “um” dinheiro, que depois não é suficiente para arcar com todas as despesas. É aí que entram em cena os empréstimos e financiamentos, aprofundando ainda mais as dívidas, e temos um adulto que não faz a menor ideia de como limpar seu nome.

4 – Finanças Empresariais

A educação financeira das empresas tem como objetivo auxiliar os empreendedores e a sua equipe a organizar e alocar com eficiência o dinheiro da organização.  Para uma empresa é fundamental conhecer e aplicar a educação financeira, garantindo assim a competitividade no mercado e o seu funcionamento no longo prazo, evitando o destino de tantas companhias que fecham por má gestão.

Por lidar diretamente com as finanças dos profissionais, as empresas podem ser um pólo para difundir educação financeira, oferecendo soluções que levem equilíbrio para os colaboradores. Isso tem implicações diretas no bem-estar das pessoas, e também na organização, que contará com uma equipe mais focada e engajada, livre do estresse financeiro.

Dicas rápidas de educação financeira

  • Estude suas finanças, saiba exatamente quanto entra e quanto sai das suas contas, e porque;
  • Não gaste todo o seu dinheiro, faça uma reserva para emergências e oportunidades;
  • Evite consumir por impulso, avaliando a importância de cada aquisição. Não faça isso apenas com grandes compras, pense dessa forma também no dia a dia;
  • Faça um orçamento, com metas claras no curto, médio e longo prazo;
  • Realize um planejamento pensando em como vai atingir essas metas;
  • Invista seu dinheiro para vencer a inflação.

Como se planejar financeiramente?

Para ter um planejamento financeiro é importante conhecer a sua realidade, ser honesto e saber como anda a sua saúde financeira. Faça anotações de suas despesas e escolha uma ferramenta para auxiliar em seu planejamento. Existem vários aplicativos disponíveis, e até mesmo papel e caneta são uma opção, se fizeram você de fato começar.

Vamos aprender de maneira simples a se planejar financeiramente, com um exemplo de alguém que recebe por mês R$ 2.650, a renda média do Brasil, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Antes de mais nada, sabemos que as despesas não podem ser do mesmo valor que os ganhos, pois se houver alguma emergência ou oportunidade para investir, você não terá de onde tirar dinheiro sem uma reserva.

Com base nesse valor, você deve fazer um orçamento mensal.

Digamos que as despesas básicas – aluguel, supermercado, água, luz e internet – estão na casa dos R$ 1.800. Uma opção interessante seria começar a investir 4% da sua renda, cerca de R$ 100, para se familiarizar com as possibilidades. Temos ainda R$ 750 para dividir entre gastos com o nosso bem-estar, opções de lazer e uma reserva pessoal.

Caso os números não estejam fechando, a solução mais óbvia é o controle de gastos. Você precisa avaliar todas as suas despesas e buscar formas de reduzi-las, começando por eliminar o máximo de dívidas para não ter que lidar com juros.

Como economizar?

Economizar é o primeiro conhecimento da educação financeira. Existem várias formas de reduzir os gastos, e você precisa olhar para a sua vida buscando as respostas.

Talvez a solução seja parar de almoçar na rua todos os dias, por exemplo. Numa grande cidade, não é difícil que esse custo ultrapasse os R$ 600 por mês, e preparando as refeições em casa podemos cortar esse valor pela metade.

Evite fazer compras no cartão de crédito, especialmente quando elas não forem necessárias. Procure guardar esse recurso para lidar com emergências, ou comprar um novo aparelho quando seu celular quebrar, por exemplo. Nesses casos, faça o mínimo de parcelas possível – parece tentador pagar “só um pouquinho” por 12 ou 24 meses, mas no fim a despesa é sempre maior.

Para muitas pessoas, também é interessante começar poupando, e reservar o dinheiro antes de pagar as primeiras contas. Se você reconhece que está sempre gastando com o que não deve, experimente essa opção, transferindo parte de sua renda para uma segunda conta e criando regras para acessá-lo.

Como gastar com consciência?

O hábito de gastar o nosso dinheiro é algo quase automático, basta sair de casa, ou acessar a internet, e já estamos pensando em comprar alguma. Além dos desejos, todo mundo tem as suas necessidades, como alimentação, roupa e os famosos boletos para pagar.

O que você precisa aqui é construir uma consciência visando gastar de maneira sustentável e evitando o desperdício. Gastar com consciência significa separar o que é necessidade das coisas que não são importantes, sempre avaliando:

  • Preciso comprar esse produto? Ele vai melhorar as minhas condições?
  • Posso realizar essa compra ou vai comprometer meu orçamento?
  • Já tenho uma reserva de emergência?

Quando você consegue responder esses questionamentos, deixa de comprar sem necessidade e passa a gastar com consciência. Tenha em mente que a prática vai além do dinheiro, e também serve para como gastamos o que já foi comprado, evitando o desperdício de alimentos ou o mal uso que gera defeitos em aparelhos eletrônicos, por exemplo.

Como investir meu dinheiro?

Quem chega até aqui, com planejamento e reserva, já está numa situação privilegiada considerando a realidade do país. Parar nesse nível, no entanto, significa continuar dependente da sua renda atual – seja um salário ou o retorno de um negócio. Investir é o caminho para abrir novas portas, levando você a ter, pelo menos, recursos que crescem mais rápido que a inflação.

E os riscos?

É importante saber que, de fato, todos os investimentos têm riscos, mesmo que sejam pequenos. Mas também é importante comparar isso ao risco de não investir: ele é de 100%, garantindo que o seu dinheiro vai se desvalorizar conforme o preço dos bens e serviços aumenta.

Existem alguns fundos de investimentos de baixo rendimento com maior segurança, que são recomendáveis para quem está começando e quer perder o medo de investir.

Os principais exemplos são o Tesouro Direto, coberto pelo governo, o CDB, atrelado ao crédito bancário e o LCI, ligado ao setor imobiliário. Quase todos os bancos, inclusive os digitais, oferecem esse tipo de investimento, e você pode ter resultados interessantes mesmo com um valor na faixa dos R$ 100 por mês.

No caso de enveredar pelas ações, é importante estudar o mercado financeiro, avaliar com calma as empresas em que irá investir, e escolher uma corretora segura. Você também pode começar pelos fundos, onde é possível investir em várias empresas, e assim o crescimento geral cobre as possíveis perdas caso uma delas tenha problemas.

Considere ainda os investimentos cujo retorno não é tão direto, mas vale a pena. Investir no seu negócio ou na sua carreira, por meio de ferramentas que tragam produtividade, habilidades para fazer mais dinheiro ou oportunidades de networking, por exemplo, podem trazer resultados maiores do que as opções clássicas de investimento.

Tomar a decisão de investir não quer dizer parar de comprar as suas coisas. Investir é uma atitude que vai priorizar a realização dos seus sonhos no longo prazo, seja uma viagem que não pode fazer agora ou a tão sonhada casa, por exemplo.

Os 4 R’s da educação financeira

Os 4 R’s são os pilares que norteiam a educação financeira e ensinam as pessoas como lidar com o dinheiro de  maneira equilibrada e consciente. Eles nos ensinam a:

Reconhecer

Reconhecer é ter uma noção cuidadosa das suas finanças. É o momento de pensar em como realizar seus sonhos, sem economizar para isso, ou quais realmente são seus gastos importantes, e o que pode ser cortado, começa a mudar seu pensamento em relação ao dinheiro.

Registrar

Registrar é o pilar central da educação financeira, é o ato de anotar todos seus ganhos e ganhos. Quando você passa a anotar consegue identificar para onde está indo o seu dinheiro. Não tenha medo de registrar as suas finanças, mesmo que não goste da situação – esse é o único caminho para transformá-la!

Revisar

Revisar é o momento de olhar para cada item listado e tomar uma decisão sobre ele. Você vai manter a despesa como está, cortar uma parte, ou evitá-la completamente? Também podemos revisar as opções de ganho, e pensar em formas de aumentar a nossa renda, com novas capacitações ou um negócio paralelo ao trabalho, por exemplo.

A revisão deve terminar com um plano de ação, que nos leva ao pilar seguinte.

Realizar

É ter o compromisso necessário para colocar as suas decisões em prática. Não é raro que alguém registre certas despesas, mesmo que mentalmente, e as revise como gastos desnecessários, mas não realiza nenhuma mudança, e assim as finanças continuam indo mal.

Quando atravessamos a jornada completa, e somos capazes de realizar os planos, temos os pilares para construir uma situação financeira estável e realizar nossos objetivos. É importante entender que esse percurso fecha um ciclo: após as ações, voltamos para o começo buscando reconhecer como as coisas estão agora, e então traçamos um novo plano.

Assim como a prática, os estudos sobre temas como planejamento financeiro, controle de gastos e investimentos também precisam ser constantes. Você pode continuar aprofundando seus conhecimentos com o UnitEdu, nosso portal de educação financeira,onde trazemos novos conteúdos sobre economia, investimentos, conceitos básicos e a psicologia do dinheiro.

Quer aprender a poupar no mercado, avaliar o melhor momento de comprar um carro, ou ser capaz de dizer não para aquelas ofertas “irresistíveis”? O UnitEdu tem as dicas certas para você.

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