Vocês sabiam que, atualmente, o Brasil conta com mais de 65 milhões de pessoas endividadas? Este número representa 40% da população adulta brasileira, ou seja, quase metade das pessoas possuem dívidas e já negativaram o seu CPF pelo menos uma vez.
Muitas vezes, se endividar é um comportamento tido como normal, sendo até mesmo ensinado.
Não estamos falando de gastos necessários como: Alimentação, moradia, transporte, medicamentos, entre outras coisas que necessitamos para viver. Mas, sim de gastos por impulso, compras recorrentes e em grande escala de itens sem necessidade!
Sendo assim, nos perguntamos: Afinal, por que compramos compulsivamente?
O ato de comprar é visto como uma “válvula de escape”, frente a grandes emoções e à ansiedade. São vários os casos de pessoas que compram por estarem tristes, deprimidas e insatisfeitas, da mesma forma, o contrário também acontece, pessoas também compram por alegria, comemoração e celebração.
Outro ponto a ser levado em consideração é que nossa sociedade é consumista e está sempre influenciando o ato de comprar. Vemos a todo momento a mídia nos induzindo aos gastos imediatistas, com chamadas do tipo: “SOMENTE 10 PEÇAS”; “VOCÊ SÓ TEM 1 HORA”; “PREÇO ÚNICO”; mensagens assim chegam na nossa mente como gatilhos de oportunidade.
Na maioria das vezes, ao gastar, percebemos aquela sensação prazerosa de bem estar e realização, não somente com coisas que estão “além do seu padrão de vida”. Sensação essa que vai ao chão quando chegam as primeiras faturas.
E assim, a sensação de prazer, que você sentiu quando adquiriu novos produtos, vai embora… e os problemas aparecem junto com boletos exorbitantes e atrasos no pagamento.
Consumos assim podem ser considerados uma doença, que tende a tornar-se progressiva se não tratada. Ela pode ser classificada como transtorno ou síndrome do endividamento compulsivo – doença essa que atinge 5% da população.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), disfunção psíquica é um transtorno que se caracteriza essencialmente pela falha em resistir a um impulso, instinto ou desejo de realizar um ato que é prejudicial a si próprio ou a outras pessoas.
Sem saber, você ou alguém que conhece pode ser um devedor compulsivo, logo, para conscientizá-los separamos alguns sinais que merecem sua atenção:
- Ficar escondendo suas compras: Quando as compras são realizadas por impulso a tendência é não deixar que as pessoas ao seu redor percebam seus hábitos, por isso, pessoas que possuem o transtorno tem o hábito de esconder os itens que compram e, não apenas isso, escondem também os boletos, para não serem descobertos por seus familiares. Estejam atentos a estes sinais.
- Compras em excesso: Já ouviram a expressão “todo excesso esconde uma falta”? Pois bem! Com o intuito de amenizar angústias e preencher vazios emocionais ou falta de controle e autoestima – as pessoas consomem para sentir aquela sensação momentânea que é tão boa. Podendo se tornar um vício, e é aqui que mora o perigo! Quando essa sensação boa passa abre espaço para a culpa, aumentando a angústia e frustração.
- Sentimento de culpa: Como falamos acima, o ato de consumir quando desperta o sentimento de culpa ou remorso liga um alerta que precisa de atenção, porque nesse momento pode ser que aconteça um “ciclo”, afinal, você está com um sentimento negativo e como você vai resolver? COMPRANDO.
Agora que você sabe identificar alguns sinais de endividamento compulsivo, deixaremos algumas sugestões, para que você possa despertar consciência financeira e começar a reduzir seus gastos:
- Identifique o item que consome em excesso: Se você sabe que compra muito sapato, evite seguir perfis que contêm ofertas deste produto. Mas, não só de um item específico, vale para tudo! Não se inscreva em listas de transmissão, nem em sites que ficam enviando propagandas.
- Tenha uma lista para o mercado: Quando você não sabe o que precisa você poderá gastar além do necessário, a lista te mantém na “linha”, te traz foco. Além de evitar comprar coisas que já tem em casa e desperdiçar. AHHHH! Não se esqueça de fazer um lanchinho antes de ir 🤣. Afinal, já ouviu que ir ao mercado com fome nos faz gastar mais? Sim, isso é uma verdade.
- Pergunte-se: você QUER ou PRECISA?: O ser humano é um ser emocional, por isso, se conhecer é o melhor caminho, até porque, a maior parte das nossas compras são através de desejos.
- Tenha controle sobre seus gastos: Não importa se será planilha ou anotações à mão, o importante é fazer esse controle. Assim conseguirá identificar o que mais consome e se tem como reduzir esse gasto, e claro, se é necessário para você ou não.
- Cuidado com o cartão de crédito: Se você não tem controle sobre seu consumo, cancele! O cartão hoje é um grande facilitador no momento da compra, mas, se você não tem domínio do uso, poderá se complicar. Quando você paga suas compras em dinheiro você percebe o que está gastando, no cartão não! E isso pode impulsionar o consumo.
- Tente sempre sair na companhia de alguém que não possui o mesmo comportamento: Estar na companhia de alguém que entende o que você está passando e o processo de tratamento te ajudará a frear os comportamentos compulsivos, além disso, o simples ato de socializar te ajuda a reduzir a tensão e a ansiedade.
- Busque ajuda: ➡ Para quem não sabe, existe um grupo de apoio chamado Devedores Anônimos que atua online e presencialmente, ele foi desenvolvido no mesmo formato do AA – Alcoólicos Anônimos, entre outros grupos de apoio. O objetivo do DA é auxiliar através da escuta e da troca de experiências de outras pessoas que passam pelo mesmo problema. Até o momento não existem grupos de Devedores Anônimos no Espírito Santo, mas você pode buscar apoio online pelo site: www.devedoresanonimos-sp.com.br/
➡ Outro ponto de apoio, é o psicólogo, ele poderá te orientar de forma assertiva, caso você não esteja preparado para compartilhar sua experiência em um grupo, o atendimento individual pode ser mais adequado para um primeiro passo rumo ao tratamento.
➡ Buscar conhecimento, estudar e conhecer sobre finanças poderá te ajudar e muito a mudar seu comportamento, até porque, ficará mais atento aos seus gastos. Para isso temos muito conteúdo de educação financeira, que podem te ajudar a lidar melhor com suas finanças pessoais, você pode conferir aqui no blog ou em nossas redes sociais.
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Podemos entender que a educação financeira é essencial para as pessoas, até porque tudo nessa vida é aprendido, seja sozinho ou não. Se não despertamos nossa consciência diante ao consumo, a tendência é gastar cada vez mais, acarretando problemas na nossa saúde financeira e mental.
Vale ressaltar que cada caso é um caso, não há uma fórmula única para aplicarmos em todos. O autoconhecimento é uma ferramenta muito importante para você usar a seu favor.
Eduarda Martins
Psicóloga
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