A realidade da população brasileira com dinheiro não é muito boa, já que uma parcela da população está cheia de dívidas e não sabe o que fazer para mudar essa situação. Isso ocorre por diversos motivos, sejam eles: crises econômicas, desemprego, renda baixa e, acima de tudo, por não terem educação financeira. Como consequência, acabam prejudicando seu próprio bem-estar financeiro.
Um fato que chama a atenção, de acordo com dados da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), é o de que 77,9% das pessoas estão endividadas. Dado esse que afeta a saúde financeira e dificulta ter um bem-estar financeiro.
Você já se pegou pensando em como seria bom não ter preocupação com as contas, ter uma reserva financeira e tranquilidade em sua vida? Se em algum momento você fez essa reflexão, é porque deseja ter bem – estar financeiro.
Conquistar bem-estar financeiro não é algo impossível. O melhor é que você pode aprender e, ao mesmo tempo, aplicar dentro da sua realidade financeira. Sem nenhuma mágica, apenas com determinação e equilíbrio.
O bem-estar financeiro promove tranquilidade, não só nas finanças, mas também em sua saúde mental e física. Veja, abaixo alguns exemplos de bem – estar financeiro:
- Suas contas estão controladas;
- Não tem sua renda comprometida com dívidas;
- Tem reserva de emergência;
- Tem planejamento financeiro;
- Consegue dormir bem sem se preocupar com contas atrasadas;
- Começa a alcançar os seus sonhos e tem liberdade financeira para planejar outros.
Sumário
- O que é bem-estar financeiro?
- Como se planejar financeiramente?
- Como começar a investir?
- Bem-estar financeiro e saúde mental
- Como vai seu bem-estar financeiro?
O que é bem-estar financeiro?
Bem-estar financeiro é a capacidade que o indivíduo tem de arcar com as suas responsabilidades financeiras fixas e as despesas que surgirem pontualmente, fazendo com que tenha segurança e confiança em suas finanças e no seu futuro. Ele torna as pessoas aptas a tomar decisões corretas e, com isso, permite que possam desfrutar com tranquilidade a sua vida.
As definições mais comuns para o bem-estar financeiro estão ligadas à proposta do Consumer Financial Protection Bureau (CFPB), instituição governamental americana que tem como finalidade proteger, orientar e estudar o comportamento dos consumidores, dos produtos e das atividades financeiras.
O bem-estar é um termo fundamental para saber como anda a saúde financeira das pessoas, das empresas e até dos países, e ainda segundo o CFPB, ele é influenciado por dois conjuntos de fatores:
Fatores Estruturais
Estão relacionados à conjuntura econômica nacional e global, definindo as condições dentro das quais pessoas e famílias adquirem a sua renda. Envolvem o acesso à educação, oportunidades de emprego e média salarial, por exemplo, e dependem de uma ação conjunta da sociedade. Eles operam como um alicerce, sobre o qual cada indivíduo por agir para estruturar seu bem-estar financeiro.
Fatores Individuais
São os fatores que cada pessoa tem o poder e a responsabilidade de controlar para alcançar o próprio bem-estar financeiro. Eles dependem de conhecimentos e comportamentos específicos, bem como da habilidade e personalidade financeira de cada indivíduo.
Comportamento e conhecimento financeiro
O indivíduo precisa saber fazer a gestão das suas finanças, tomar decisões, traçar e cumprir suas metas. Também é seu dever aprender a dar credibilidade para as informações corretas ao decidir sobre as suas finanças, estudar sobre educação financeira e, por fim, reconhecer os momentos em que precisa modificar seu planejamento.
Habilidade e personalidade financeira
Quem desenvolve uma personalidade financeira saudável sabe usar os seus conhecimentos para decidir sobre suas finanças, ser persistente e não desistir quando acontece algum imprevisto e confiar em si mesmo para realizar os próprios objetivos.
São habilidades que vão além da informação, e estão relacionadas a como você se comporta na hora de decidir o que vai fazer com o seu dinheiro. Para lidar de uma maneira equilibrada com o seu dinheiro e ter bem-estar financeiro, essas decisões se transformam em alguns hábitos no seu cotidiano, como por exemplo:
Gastar o dinheiro com qualidade, evitando consumir mais do que ganha
É importante ter uma boa gestão financeira, gastando com objetivos claros e evitando custos excessivos ou desnecessários. Estabeleça um orçamento mensal e se mantenha dentro dele, priorizando despesas básicas, poupança e investimentos. Além disso, é sempre importante comparar preços e procurar opções mais econômicas sem sacrificar a qualidade.
Traçar metas pensando no futuro, sem esquecer do presente
Definir metas é uma parte importante do bem-estar financeiro, equilibrando o pensamento no futuro com o cuidado do presente. É recomendável estabelecer metas a curto, médio e longo prazo, incluindo objetivos financeiros como poupar para a aposentadoria, quitar dívidas ou investir em algo, sem esquecer de aproveitar o presente e equilibrar as metas com gastos responsáveis.
Construir uma poupança
Organizar a sua poupança ajuda a proteger contra possíveis emergências financeiras, realizar sonhos futuros ou aproveitar oportunidades que exigem um investimento mais rápido. Essa atitude requer algum tempo e paciência, mas é uma escolha importante para alcançar segurança financeira a longo prazo. Aqui estão algumas dicas para construir a sua:
- Estabeleça um objetivo: Determine quanto você deseja poupar e em quanto tempo gostaria de atingir essa meta.
- Crie um orçamento: Defina quanto você pode poupar mensalmente e inclua essa quantia no seu orçamento.
- Automatize sua poupança: Considere configurar transferências automáticas para sua conta de poupança para garantir que você esteja colocando o dinheiro lá, antes que mude de ideia.
- Evite as dívidas: Se afaste de empréstimos ou compras com cartão de crédito que possam afetar sua capacidade de poupar, a menos que eles sejam muito necessários.
- Poupe com os seus ganhos extras: Quando receber algum dinheiro extra, como um bônus no trabalho ou um presente, considere colocar uma parte dele na poupança.
Os 4 fundamentos do bem-estar financeiro
Os 4 fundamentos, ou pilares do bem-estar financeiro, são atitudes e hábitos básicos para quem deseja alcançar a estabilidade e criar segurança nessa área.
1. Pagar contas
Todo mês temos as contas fixas, e os boletos chegam sem parar. Além disso, também precisamos lidar com os gastos adicionais, que podem pesar na balança. Pagar as contas é o fundamento básico do bem-estar financeiro, afinal evita as dívidas que pioram nossa situação, e o estresse de saber que estamos com despesas em aberto.
Muitas pessoas começam a ter problemas já nessa área, e quando ela está comprometida não há como manter os outros pilares de pé. Manter as contas em dia significa controlar os seus gastos, para então pensar formas de construir uma reserva ou investir.
2. Criar uma reserva de emergência
A reserva de emergência é um resultado adquirido quando os indivíduos, empresários ou gestores têm educação financeira para gastar menos do que recebem, e podem então guardar o valor restante.
Essa reserva representa a capacidade que você tem para enfrentar problemas financeiros no futuro.
Um objetivo comum e interessante para construir essa reserva é ter o valor que possa suprir suas necessidades básicas por seis meses. Dessa forma, questões como perda do emprego ou adoecimento não terão um impacto financeiro tão grave e imediato.
Ela também pode viabilizar oportunidades que exigem um investimento mais rápido. Talvez a casa dos seus sonhos fique à venda no próximo ano, e como uma reserva de emergência será muito mais fácil pagar o valor de entrada, por exemplo. Você também pode começar a reserva com um objetivo como:
- Arcar com o seu plano de saúde ou algum tipo de seguro;
- Manter o seu nome sempre limpo, evitando usar o cartão e pagando compras à vista no futuro;
- Organizar uma viagem de férias ou um intercâmbio para o lugar que sempre quis conhecer;
- Ter condições de apoiar familiares no caso de uma emergência, sem fazer sacrifícios para isso;
- Fazer uma transição de carreira ou abrir o seu próprio negócio evitando a pressão de ter que ganhar dinheiro logo nos primeiros dias.
3. Se planejar para o futuro
Planejar é traçar metas para o futuro, e criar um plano para atingir o bem-estar financeiro tornando-se capaz de atingir essas metas. Não importa o tipo ou o tamanho dos seus sonhos – comprar um imóvel, um carro, ficar livre das dívidas, fazer aquela viagem ou investir em uma aposentadoria tranquila – tudo requer planejamento.
Você pode fazer isso por meio de alguns passos rápidos e práticos, capaz de ajudar até mesmo quem não tem muita paciência para lidar com o planejamento financeiro.
- Objetivos: Antes de começar a planejar suas finanças, é importante determinar seus objetivos financeiros a longo prazo, como poupar para a aposentadoria, comprar uma casa ou pagar dívidas.
- Orçamento: Analise sua renda e gastos para estabelecer um orçamento mensal. Isso ajudará a controlar suas despesas e garantir que você esteja gastando dentro de suas possibilidades.
- Poupança: Guarde uma porcentagem de sua renda mensal para a poupança. Isso ajudará a realizar seus objetivos financeiros a longo prazo.
- Corte suas dívidas: Se você tem dívidas, foque em pagá-las o mais rápido possível. Isso reduzirá sua carga financeira a longo prazo e liberará recursos para a reserva de emergência ou para os investimentos.
- Invista: Analise opções de investimento como ações, fundos, títulos públicos ou imóveis e trace um plano para conduzir o aumento da sua renda por meio dessas possibilidades.
- Não apresse os passos: Lembre-se de que o planejamento financeiro é um processo contínuo, requer disciplina e dedicação. É importante revisar e ajustar seu plano à medida em que suas necessidades e objetivos mudam, mas nunca deixá-lo de lado.
4. Garantir momentos de lazer
Garantir momentos de lazer é colher os frutos do bem-estar financeiro, porque você sabe tomar as decisões certas com relação às finanças e consegue aproveitar sem se preocupar com as contas.
É claro que eles não precisam esperar por todo o resto, e podemos equilibrar esses momentos com as outras etapas, mas quando a situação financeira está complicada, é preciso ter mais cuidado e criatividade. Que tal fazer uma pizza em casa, ao invés de comprar o lanche, ou alugar um filme pelo streaming enquanto não pode arcar com o cinema, por exemplo?
São pequenas mudanças que, somadas, vão poupar recursos para sonhos maiores, sem privar você e a sua família de uma boa diversão. Tenha em mente que o bem-estar financeiro não precisa ser visto como um sacrifício constante. Pelo contrário, ele é uma forma de termos prazeres agora, sem sacrificar o futuro.
Como se planejar financeiramente?
O planejamento financeiro é um dos quatro pilares, e já trouxemos as primeiras indicações para ter sucesso com ele, mas planejar vai muito além de anotar o que você recebe e gasta. Podemos consolidar os direcionamentos que acabamos de ver sobre essa área em três fases, que todos precisamos cumprir para ter bem-estar financeiro.
Preparar
Preparar é a fase em que se avalia a situação financeira para reconhecer suas limitações e possibilidades. Aqui, pare um pouco e pense como estão as suas finanças atualmente, o que você quer para o futuro e o que é bem-estar financeiro na sua visão. Considere, por exemplo:
- A minha realidade financeira está confortável hoje?
- Quais são meus principais objetivos, e de quanto preciso para alcançá-los?
- Quais despesas eu posso cortar hoje mesmo? E nos próximos 30 dias?
É no momento da preparação que se determina o valor a ser poupado, e como construir a sua poupança mês a mês para atingir esse resultado.
É importante que esse plano faça sentido para sua realidade ao longo do tempo. Vários planejamentos não consideram esse aspecto, e apenas definem um valor dividido por X meses – se eu quero guardar R$ 5 mil em um ano, por exemplo, devo separar cerca de R$ 416 a cada mês.
O problema aqui é que normalmente o ponto de partida é mais desafiador. Começamos com dívidas, um planejamento desequilibrado, imprevistos. Dessa forma, um plano mais realista poderia ter como objetivo pagar as dívidas em quatro meses, e guardar R$ 625 a cada mês seguinte.
Ao fazer isso, você não se desespera e desiste do plano por ter passado algum tempo sem juntar nada, afinal isso já estava previsto dentro da sua realidade atual.
Praticar
Depois que o planejamento está pronto, é hora de guardá-lo em uma gaveta e esquecer que ele existe. Lendo isso, é óbvio que a informação está errada, mas é assim que a maioria das pessoas lida com seus planos financeiros.
Para evitar que isso aconteça, existem alguns caminhos. Você pode implementar um hábito e começar no primeiro dia, se comprometendo de forma imediata e aumentando as chances de repetir a ação amanhã, por exemplo.
Também é interessante manter o seu planejamento em um lugar de destaque, como o espelho ou a porta da geladeira – ou quem sabe até na sua carteira. Lembrar dele várias vezes é uma forma simples de se conectar aos pensamentos de quando você fez o plano, e não fugir das regras que você mesmo criou.
Além disso, procure facilitar o seu trabalho daqui por diante. Experimente um aplicativo para registrar rapidamente tudo que gasta, por exemplo, ao invés de guardar todos os números para o fim do dia (ou quem sabe o fim de semana) e desistir de anotá-los quando chegar a hora.
Revisar
A revisão é feita quando o planejamento está com alguma inconsistência e precisa de ajustes. Sabemos que nem tudo é fixo em nossa vida ou na sociedade, e podemos passar por situações diferentes de crises e oportunidades. O planejamento, mantendo seus objetivos, se ajusta a essas realidades.
É importante que você faça esta revisão pelo menos uma vez a cada mês, procurando entender melhor onde acertou e onde precisa mudar. Se você percebeu que os gastos aumentaram numa área, se ganhou um bônus ou se teve imprevistos, considere tudo isso ao revisar seus planos.
Caso esteja se afastando muito das suas metas iniciais, mantenha o foco e não desista por conta disso. Talvez você consiga 70% ou 80% do que planejou, mas ainda assim estará numa situação muito melhor do que se deixar esse plano de lado e não conquistar resultado algum.
Como começar a investir?
Investir é o destino final de quem busca o bem-estar financeiro, porque é a única forma de ter uma renda que vai além do seu trabalho cotidiano. Seja aplicando recursos numa opção como fundos ou ações, seja construindo o próprio negócio, investir multiplica o valor do seu tempo.
Para começar, mesmo que não conheça muito sobre essa área, você pode:
- Conhecer os seus objetivos financeiros: Antes de começar a investir, é importante ter clareza sobre seus objetivos financeiros, prazos e tolerância ao risco. Isso ajudará a determinar qual tipo de investimento é o mais adequado.
- Desenvolver educação financeira: Invista tempo em aprender sobre finanças e investimentos. Leia livros, assista a palestras ou participe de cursos para obter uma compreensão mais profunda dos diferentes tipos de investimentos e dos riscos e recompensas associados a eles.
- Avaliar seu perfil de investimento: Determine seu perfil de investimento, ou seja, sua tolerância ao risco e sua preferência por retornos de curto ou longo prazo. Isso ajudará a determinar qual é a melhor estratégia de investimento para que você tenha bem-estar financeiro e emocional.
- Comece aos poucos: Não é preciso investir uma grande quantidade de dinheiro logo de cara. Comece com uma quantia pequena e aumente gradualmente, com investimentos mensais que podem crescer à medida em que você se sentir mais confiante nas suas escolhas.
- Diversifique: Não invista todo seu dinheiro em um único modelo. Diversifique seus investimentos em diferentes classes, como ações, títulos, imóveis ou fundos mútuos, para reduzir o risco geral.
- Aguarde: Investir requer paciência e persistência. Não espere resultados imediatos e evite tomar decisões impulsivas com base em emoções ou rumores – investimentos não são apostas! Mantenha o foco em seus objetivos e continue a investir regularmente.
- Lembre-se de que é importante fazer sua própria pesquisa e consultar profissionais ou instituições de confiança antes de tomar decisões importantes.
Além dos investimentos em ativos financeiros, você também pode investir em sua capacitação pessoal. Participar em eventos de networking, desenvolver habilidades ou até mesmo fazer uma viagem para ter novas experiências são opções para expandir seus horizontes financeiros.
Bem-estar financeiro e saúde mental
O bem-estar financeiro afeta diretamente a saúde mental das pessoas. Enquanto o estresse pelas dívidas e apertos pode afetar negativamente o bem-estar das pessoas, o equilíbrio nas contas promove tranquilidade, e nos permite investir cada vez mais em formas de lazer e satisfação que elevam a nossa saúde mental.
É preciso perceber como existem ciclos nas duas direções – para baixo ou para cima.
Uma pessoa pode estar vivendo estresse financeiro, e procura formas de aliviar as emoções negativas. Isso resulta nos mais diversos excessos – compras, vícios, compulsão alimentar, por exemplo. Além de prejudicar diretamente a saúde, muitos desses hábitos são caros, impactando novamente as finanças.
Por outro lado, quando organizamos as nossas contas, aliviamos a pressão psicológica e dependemos cada vez menos desses escapes, ganhando saúde e guardando dinheiro. Além disso, nossas ideias ficam mais claras, podemos enxergar oportunidades para economizar ou até para ganhar mais, e o bem-estar emocional ainda permite levar esses projetos adiante.
Como vai seu bem-estar financeiro?
Todos nós estamos em algum lado da balança, e encarar essa realidade é a única forma de transformá-la, seja para atingir o bem-estar financeiro ou aumentar as possibilidades que já criamos em nossas vidas.
Você pode fazer essa análise com algumas questões simples:
- As minhas contas estão em dia?
- Posso lidar de forma racional com os imprevistos financeiros?
- Tenho um sistema para acompanhar minhas receitas, gastos e investimentos?
- Pensar em dinheiro me traz emoções positivas, ou é uma fonte de preocupação?
Para ter um conhecimento ainda mais profundo sobre esse tema, você também pode participar da nossa pesquisa em apenas 10 minutos, e conhecer o seu índice de saúde financeira. Ela vai mostrar suas principais forças e vulnerabilidades na área, indicando também os caminhos possíveis para que você tenha mais bem-estar financeiro.
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